domingo, 11 de fevereiro de 2007

A questão da psicologia

Por Maria da Graça Lyra*
Durante muito tempo, e mesmo hoje em dia, a Psicologia tem sido cercada de fantasias e preconceitos.É uma especialidade, por vezes, vista como elitizada, ou vivida por pessoas com problemas mentais ou que estão ficando loucas. Porém, a grande verdade referente a Psicologia não se limita a esses conceitos, ou melhor, preconceitos. A Psicologia é uma ciência preocupada com o bem-estar do ser humano, no que concerne a sua vida pessoal, familiar e social. Não importa a causa – stress, síndrome do pânico, depressão, insônia ou auto-conhecimento -, a Psicologia busca os caminhos que possibilitem a solução ou a melhor forma de convívio com suas queixas ou anseios. O importante é o sujeito dar-se conta de suas questões, saindo de uma posição inicial de queixa, em que os outros – marido, mãe, entre outros - são os culpados de seus problemas.Este é um processo que depende muito mais da disposição do interessado em expor-se e revelar estas questões, obtendo o auto-conhecimento, para, então, submeter-se às mudanças que o processo trará.Cada pessoa tem a sua própria história, com vivências e experiências que são exclusivamente inerentes a ela, ou seja, cada indivíduo é um universo único.Todos temos, em intensidade diferente, problemas existenciais. Problemas que nos fazem sofrer, que nos angustiam, que muitas vezes nos fazem acreditar que a paz e a felicidade não existem, fazendo-nos desistir de nossos caminhos, muitas vezes de nossas vidas. Enquanto professores, convivemos com alunos – seres humanos – que enfrentam situações conflitivas no trabalho, na família, no relacionamento amoroso e que, muitas vezes, não têm como “encarar” uma terapia. Neste sentido, faz-se de suma importância o espaço destinado nas aulas de Psicologia para estes alunos, através de uma troca, de um auto-conhecer através de um espaço para ouvir e para falar de si mesmos, de seus desejos, seus sonhos, alegrias, e frustrações.É claro que de início, enquanto ouvintes, encontraremos certa resistência, pois não temos o hábito de falarmos em nossas questões – é muito mais fácil falar dos outros, projetando nossas frustrações neles, do que pensarmos em nossas próprias angústias -, mas após esse momento inicial, a dupla professor/aluno tem muito a ganhar: o aluno, por encontrar um lugar onde possa compartilhar seus sentimentos e ser ouvido; e o professor por realmente poder conhecer este sujeito que ali está.Para tanto, direcionamos esta prática inicialmente através de atividades até mesmo artísticas que, de início pareçam muito simples, mas sempre buscando um objetivo maior – permitir ao aluno pensar, falar em si mesmo.Com certeza, um caminho de constantes buscas de equilíbrio e felicidade. Vale a pena tentar!
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* Psicanalista e professora do Instituto de Educação João XXIII, Giruá, RS.
** Texto publicado no site Extemporâneo. Outrubro de 2005.